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A Paciência é uma Virtude.

Quaisquer que fossem seus erros, os alemães tinham o gênio da organização e o senso do detalhe.

Os Alemães perceberam que, impedindo a fuga dos habitantes da Europa ocupada para a Inglaterra,  privavam-se de informações sobre este país. O homem que vive recluso numa cela, isola-se do mundo, mas também o mundo se isola dele. Os alemães necessitavam de informações e a Inglaterra como podia ela restaurar-se face aos danos sofridos em Dunquerque e durante os bombardeiros? Quais era os seus planos de campanha, a disposição de suas tropas, seus projetos de desembarque na Europa?

As informações obtidas por meio dos reconhecimentos aéreos e as fotos eram incompletas. Faltava-lhes exatidão nos dados.

Rapidamente, os alemães encontraram uma solução para o problema. Toda vez que sabiam de uma fuga para a Inglaterra, deixavam que os conspiradores agissem. Introduzia um espião entre os foragidos e, no momento do embarque, suprimiam os excedentes. Num grupo de evadidos, as probabilidades de um agente secreto passar despercebido eram maiores.  Seus companheiros, incontestavelmente honestos, não suspeitavam das suas intenções. Na preparação da evasão, o espião desempenhava o seu papel e enfrentava os mesmos perigos, apesar da proteção dos companheiros.

No ponto de vista dos alemães, esse método oferecia ainda outra vantagem: um agente que entrasse na Inglaterra, via Portugal, podia já chegar meses após a partida. Conhecedor das tramas, fácil lhe era atingir Lisboa. Uma vez em Lisboa, juntava-se aos inúmeros refugiados, de todas as nacionalidades, que aguardavam vistos e passagens para o navios. Esses navios só levavam determinado numero de passageiros. Um espião não podia arriscar a chamar a atenção servindo-se de salvo-conduto que abreviasse a data da partida. Tinha que esperar pacientemente.

Na Inglaterra, se alguém conseguisse passar pelo interrogatório da Contra-Espionagem incólume, arriscava encontrar os planos, anteriormente elaborados, completamente mudados. A situação, que estavam encarregado de examinar, podia ter mudado de aspecto. Caso não recebesse novas instruções – o que não era tarefa muito fácil – estava pondo em jogo a sua vida, inutilmente.

Por outro lado, alguns dias apenas eram suficientes para se atravessar o Canal da Mancha e se  o espião alemão conseguisse varar a rede tecida pela Contra-Espionagem, punha mãos à obra sem perda de tempo. Por parte dos alemães, o plano era eficiente. As perdas eram consideráveis, mas, para ele não há vitoria sem sacrifício.

Fonte: Oreste Pinto – Contra-Espionagem