Como sair do fundo do poço
Recuperar um viciado não é algo fácil e exige muito empenho. O tratamento em instituições públicas ou privadas é realizado por uma equipe multidisciplinar, cujo desafio é sensibilizar o paciente para a diminuição ou abstenção da substância.
Daí a necessidade de uma avaliação cuidadosa que identifique as circunstâncias sociais e psicológicas do indivíduo, o modo como anda sua relação com a família e o tempo de uso do entorpecente. Só assim, será possível estabelecer objetivos apropriados e possíveis para o tratamento.
A mudança do comportamento, sem dúvida, exige uma participação direta do paciente, mas de forma assistida e orientada por profissionais capacitados, pois, vez ou outra, é possível que existam recaídas durante o tratamento. O crack tem causado diversos males aos usuários e à sociedade e, por isso, o governo federal, em conjunto com Ministério da Saúde, implementou um conjunto de ações no valor de 4 bilhões de reis, com o objetivo de aumentar a oferta de tratamento de saúde aos usuários de drogas. A meta é enfrentar o tráfico e as organizações criminosas, além de ampliar as ações de prevenção.
Para os Centros de Referência Especializada de Assistência Social (Creas), esses recursos reforçarão o trabalho de assistência aos moradores de rua. Já os Centros de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas (CAPSad) passarão a funcionar 24 horas por dia, 7 dias por semana, para melhor atender as pessoas que sofrem com o vício.
O atendimento será reforçado também através da criação de Unidades de Acolhimento, que cuidarão, em regime residencial, por até seis meses, de alguns pacientes. O intuito é garantir que não hajam recaídas. Nos locais em que há maior incidência de consumo da droga, serão criados consultórios de rua com médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem.
Embora existam tantos investimento, é preciso haver uma batalha pessoal dentro de casa. É importante que pais e familiares fiquem atentos ao comportamento dos filhos e, caso percebam o envolvimento com droga, é importante procurar ajuda médica e psicológica. Quanto mais cedo for a descoberta, maiores são as chances de recuperação do viciado.
As consequências para saúde
Intoxicação pelo metal – O usuário aquece a lata de refrigerante para inalar o crack. Além do vapor da droga, ele aspira o alumínio, que se desprende com facilidade da lata aquecida. O metal se espalha pela corrente sanguínea e provoca danos ao cérebro, aos pulmões, rins e ossos.
Fome e sono – O organismo passa a funcionar em função da droga. O dependente quase não come ou dorme. Ocorre um processo rápido de emagrecimento. Os casos de desnutrição são comuns. A dependência também se reflete em ausência de hábitos básicos de higiene e cuidados com a aparência.
Pulmões – A fumaça do crack gera lesão nos pulmões, levando a disfunções. Como já há um processo de emagrecimento, os dependentes ficam vulneráveis a doenças como pneumonia e tuberculose. Também há evidências de que o crack causa problemas respiratórios agudos, incluindo tosse, falta de ar e dores fortes no peito
Coração – A liberação de dopamina faz o usuário de crack ficar mais agitado, o que leva a aumento da presença de adrenalina no organismo. A consequência é o aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial. Problemas cardiovasculares, como infarto, podem ocorrer
Ossos e músculos – O uso crônico da droga pode levar à degeneração irreversível dos músculos esqueléticos, chamada rabdomiólise.
Sistema neurológico – Oscilações de humor: o crack provoca lesões no cérebro, causando perda de função de neurônios. Isso resulta em deficiências de memória e de concentração, oscilações de humor, baixo limite para frustração e dificuldade de ter relacionamentos afetivos. O tratamento permite reverter parte dos danos, mas às vezes o quadro é irreversível
Prejuízo cognitivo – pode ser grave e rápido. Há casos de pacientes com seis meses de dependência que apresentavam QI equivalente a 100, dentro da média. Num teste refeito um ano depois, o QI havia baixado para 80
Doenças psiquiátricas – em razão da ação no cérebro, quadros psiquiátricos mais graves também podem ocorrer, com psicoses, paranoia, alucinações e delírios
Sexo – O desejo sexual diminui. Os homens têm dificuldade para conseguir ereção.
Há pesquisas que associam o uso do crack à maior suscetibilidade a doenças sexualmente transmissíveis, em razão do comportamento promíscuo que os usuários adotam
Morte -Pacientes podem morrer de doenças cardiovasculares (derrame e infarto) e relacionadas ao enfraquecimento do organismo (tuberculose). A causa mais comum de óbito é a exposição à violência e a situações de perigo, por causa do envolvimento com traficantes, por exemplo.
Fonte: http://cofemac.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=9537&Itemid=9999