Inteligência e Gestão Estratégica – Uma relação sinérgica
Quando não se tem superioridade absoluta, deve-se produzir superioridade relativa, por meio do uso habilidoso dos recursos disponíveis”. (Clausewitz).
Quando se discute modernização, quebra de paradigmas e reinvenção na forma de atuar da Inteligência, é preciso entender, antes de mais nada, que esta atividade, seja de Estado, seja corporativa, não pode ser vista como um elemento isolado do processo decisório. Seu esforço de produção de conhecimentos deve ser orientado por um planejamento estratégico e sua atuação deve ser sinérgica à gestão estratégica.
Diversos estudos e exemplos históricos confirmam que a busca, pelo homem, por informações diferenciadas que lhe garantisse vantagem em suas decisões e ações remontam à antiguidade.
Com o passar do tempo, intensificou-se o emprego de espiões, à medida que crescia o entendimento sobre o valor das informações a respeito das intenções e potencialidades de adversários e inimigos.
No entanto, é no período compreendido entre as duas grandes guerras que a atividade de Inteligência assiste a avanços significativos nos resultados obtidos. A utilização de metodologias mais apropriadas e o desenvolvimento de um trabalho de orientação analítica deram-lhe um caráter mais profissional e eficaz.
Como parte de seu processo de sistematização, em 1949, Sherman Kent, em sua obra Strategic Intelligence For American World Policy, caracteriza a Inteligência com tríplice significado: atividade, organização e produto.
Por atividade, entende-se o conjunto de tarefas, rotinas, metodologias, processos próprios, adotados para a consecução de um determinado objetivo. Por produto, o resultado de um processo metodológico próprio – atividade, que tem por finalidade prover um determinado usuário de um conhecimento diferenciado, em auxílio ao processo decisório (FERNANDES, 2006).
(…) Após o término do conflito Leste-Oeste, analistas de Inteligência dos principais serviços secretos do mundo passaram a ser contratados por grandes organizações empresariais para realizarem trabalhos de análises estratégicas. Tais análises, com foco nos movimentos futuros de concorrentes e do ambiente de negócio, visavam dar melhor orientação às ações daquelas corporações, dando origem ao que conhecemos hoje por Inteligência Empresarial ou Competitiva. Fuld (1994, p. 24), ao abordar a Inteligência Competitiva, descreve a Inteligência como “proposições que lhe permitem tomar decisões”.
A atividade de Inteligência é o exercício permanente de ações especializadas orientadas para a obtenção de dados, produção e difusão de conhecimentos, com vistas ao assessoramento de autoridades governamentais, nos respectivos níveis e áreas de atribuição, para o planejamento, a execução e o acompanhamento das políticas de Estado. Engloba, também, a salvaguarda de dados, conhecimentos, áreas, pessoas e meios de interesse da sociedade e do Estado.
Fonte: Fernando do Carmo Fernandes – ABIN
http://www.abin.gov.br/modules/mastop_publish/files/files_506463a7980d1.pdf