Mantendo-se limpo em um mundo sujo
.
(…) “O mundo dos negócios, em contrapartida, tende a ver a ética e comércio como dois conceitos distintos que podem sobrepor se os astros alinharem. empresas que conseguem ser lucrativas e éticas são louvadas como tivessem vencido duas corridas separadas ao mesmo tampo… assim como agentes da CIA – podem usar práticas éticas que lhes conferem uma vantagem distinta para chegar ao que interessa.
Na verdade, quem diz isso é alguém cuja carreira envolveu mentir, trapacear e roubar todos os dias: quanto mais sujo, mais complicado e mais difícil o negócio, mais importante é ter princípios sólidos e padrões absolutos”.
Ética do jogo duro
Agentes de caso não obedecem religiosamente diretrizes éticas porque isso “é bom”. Na verdade, a ética do agente de caso não está nem um pouco enraizada em princípios humanitários. Conquistar confiança é simplesmente parte do trabalho de um agente. Confiança é tão importante para o mundo clandestino quanto capital para o setor privado – é necessária para permanecer na ativa.
Essa confiança é desenvolvida por meio de demonstração contínuas de integridade e estrita obediência a um código de conduta. Acredita que os princípios éticos que guiam os agentes da CIA são 100% transferíveis para o mundo corporativo. Infelizmente, o tópico da ética nos negócios às vezes sofre duros golpes em mercados difíceis. É claro que ninguém quer agir de um modo contrário à ética. Todavia, como um alto executivo disse “ você não encontrará manuais de ética nas prateleiras de um CEO adepto do jogo duro”.
A ideia de que obedecer a padrões éticos estritos é de certa forma “uma fraqueza” é perpetuada ainda mais por livros sobre ética nos negócios que discutem o tópico exclusivamente em termos acadêmicos, moralistas ou filosóficos. (ainda tremo quando me lembro das análises que tive de fazer na universidade de tediosos capítulos de teorias éticas acadêmicas derivadas da filosofia kantiana. Todavia, agentes da CIA aprendem logo no início de carreira que conquistar uma reputação de integridade e confiança pode render dividendos muito reais em tempos difíceis.
Trate e proteja sua reputação e integridade como trataria e protegeria moeda sonante.
Eu gosto de pessoas gentis; realmente gosto. Todavia, não estou defendendo que você aja com integridade só porque é bonito. A sua reputação é um ativo, porque confiança é uma moeda corrente. Você pode ganhá-la, fazê-la. Quanto mais capital de confiança amealhar com uma pessoa ou organização, mais poderá pedir a elas. Você se lembra daquele antigo adesivo de para-choque que nos aconselha a “praticar atos de bondade aleatórios”? A versão do mundo clandestino poderia ser “pratique atos de confiança estratégicos”. Pode não ser tão caloroso e fofinho, mas cumpre uma finalidade.
Admita a solução, não o erro.
A ética comum enaltece as virtudes de admitir os próprios erros. Tudo muito bem, tudo muito bom. Porém, quando há muito em jogo, criar a solução é muito mais importante que admitir o erro.
Um agente da CIA nunca aparecia em uma reunião com uma fonte para anunciar “Por falar nisso, você está comprometido; estamos vendo o que podemos fazer e voltaremos a nos falar ainda nesta semana”. Ao contrário, notícias de um novo e possível comprometimento seriam acompanhadas por um plano de retirada detalhado, uma nova identidade e documentos de viagem à mão. Porém, houve um momento em que o mundo corporativo parecia ter chegado à conclusão de que simplesmente identificar e admitir um erro era louvável. Dizer que você “assume total responsabilidade” por um erro não é um ato magnânimo. Magnânimo seria determinar e implementar a correção.
Fonte: J.C. Carleson – Ex-agente secreta da CIA