A Defesa dos Riachos e Rios
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Se o rio é muito largo e as outras condições favoráveis, a sua travessia pode ser tornada totalmente impossível. Mas se a defesa de um rio é forçada num ponto qualquer já não pode haver lá uma defesa ulterior durável, como é o caso em montanha; a questão está resolvida de uma vez por todas por uma única ação, a menos que o próprio rio corra entre duas cadeias de montanhas.
Ambos – é aquilo que tem em comum – são elementos perigosos e sedutores, capazes de levar a medidas errôneas e a situações perigosas.
(…) Para fazer uma ideia coerente do conjunto do problema, agruparemos os diferentes pontos de vista.
De modo geral, deve-se distinguir os resultados estratégicos que os rios e riachos originam em consequências da sua defesa, da influência que exercem sobre a defesa do país, sem eles próprios estarem defendidos.
A questão só se põe em presença de grandes rios, isso é, de grandes massas de água. Se um inimigo necessita de 24 horas para construir a sua ponte e se nessas 24 horas ele não pode passar mais 20.000 homens por outros meios, enquanto o defensor pode surgir em 12 horas sobre qualquer ponto … a travessia não deverá ser tentada, porque o defensor chegará no momento em que o inimigo terá feito a metade desses 20.000 homens.
Encontramo-nos aqui perante três circunstâncias decisivas:
- A largura do rio
- Os meios de travessia, por que os dois dados decidem do tempo necessário para a construção da ponte tanto quanto do número de tropas que se pode passar durante a construção dessa ponte.
- A força do defensor
Segundo essa teoria, pode-se dizer que existe um ponto em que a possibilidade de travessia desaparece e nenhuma superioridade numérica é capaz de a impor à força.
Essa é a simples teoria da defesa direta de um rio, que dizer, daquele em que se trata de impedir o inimigo de terminar a sua ponte de efetuar a travessia.
Fonte: livro Da Guerra – Clausewitz