Camuflagem Individual
A camuflagem individual pode ser considerada mais importante que a blindagem pois não se pode atingir o que não pode ser visto. É leve e barato. Pode ser tão simples como uma roupa suja.
A camuflagem de floresta é a mais fácil de fazer pois o soldado pode se esconder na vegetação. No deserto é mais complicado pois geralmente está em local aberto. Na cidade o problema é a proximidade com o inimigo.
Os modelos de camuflagem civil são feitos para áreas especifica de caça e são bem eficientes. Os modelos militares são planejados para operarem em várias regiões e nem sempre são eficientes.
O uniforme não é usado apenas para evitar detecção, mas também para identificação. A padronização do uniforme e equipamento das tropas é uma forma de identificação. É um dos objetivos dos desfiles militares saber quem é o amigo. Porém, sempre ocorre algum tipo de pequena alteração para ter algum tipo de conforto ou facilitar alguma tarefa.
Os uniformes modernos estão usando padrões digitalizados para aumentar a furtividade visual. Foram introduzidos recentemente no Canadá (CADPAT) e EUA com o MARPAT dos Marines e do ACU (Advanced Combat Uniform) do US Army.
O CADPAT (Canadian Disruptive Pattern) teve sua pesquisa e desenvolvimento iniciada em 1995, foi testado a partir de1997 e introduzido em serviço em 2001. Os estudos da OTAN o considerado o melhor padrão de camuflagem para clima temperado e tropical. Foi demonstrado que podia reduz em 40% a possibilidade de detecção visual a uma distância de 200 metros.
O CADPAT usa um padrão de “pixels” em dois tons de verde, um de marrom e mais o preto, formando desenhos descontínuos que dão noção de profundidade variável ou tridimensionalidade, dificultando a identificação positiva dos contornos de uma pessoa. Por ter este padrão em “pixels”, ficou conhecida como camuflagem digital.
É produzido em duas versões: para regiões de floresta e para regiões desérticas. O processo de produção exige alta capacidade tecnológica da indústria têxtil, pois para ser eficiente, é necessário que os “pixels” sejam perfeitamente quadrados, o que não ocorria com as versões iniciais, quando a tinta aplicada ao tecido espalhava ou manchava, formando padrões arredondados, o que diminuía a eficiência do padrão.
O MARPAT (Marine Pattern), usado desde 2002, surgiu como um desenvolvimento não autorizado do CADPAT. O US Marine Corps buscava um uniforme mais adequado para climas temperados e tropicais, e que ao mesmo tempo os distinguisse dos demais ramos das Forças Armadas. O MARPAT usa pixel de três cores com padrão baseado na fisiologia ótica e no modo como a mente processa informação. Também é disponível nas versões urbana e deserto. Foi feita a inserção de uma minúscula réplica do brasão dos Marines aproximadamente a cada meio metro de tecido, o que garantiu que não fosse necessário pagar “royalties” pelo uso do novo desenho.
Outras mudanças significativas foram no aspecto funcional. O uniforme foi adaptado para uso com colete balístico, os bolsos superiores da blusa tiveram os botões substituídos por velcro, a fim de evitar a abrasão e desconforto com o uso prolongado, assim como prevenir o agravamento de ferimentos no caso de projéteis ou fragmentos atingirem a região dos botões ou próxima a eles.
Os bolsos ainda tiveram seu ângulo mudado de totalmente vertical para uma inclinação da abertura em direção ao centro do peito, de forma a facilitar o acesso com uma pequena abertura do colete balístico, sendo desnecessária sua abertura/retirada completa. Os bolsos da parte inferior do uniforme foram removidos, pois, quando cheios, interferiam e limitavam a movimentação dada a interação com o colete balístico e o cinto.
Foram adicionados grandes bolsos na parte superior das mangas, com abertura inclinada para frente, de forma a facilitar o uso/acesso com colete balístico, bem como na posição de tiro deitado. Os cotovelos e joelhos receberam bolsos internos para proteções acolchoadas substituíveis/removíveis, essenciais para preservar estas sensíveis partes do corpo no combate urbano, reduzindo a necessidade de aquisição de cotoveleiras e joelheiras de “skatista”, hábito que já estava se difundindo pelas tropas empregadas neste tipo de cenário.
O uniforme é feito de 50% algodão e 50% náilon, recebeu um tratamento para reduzir sua reflexão infra-vermelha. O MARPAT testado em vários níveis de luz, natural e artificial, horários, distâncias, sob neblina, sob a iluminação de “flares” normais ou infra-vermelhos, olho nu e sensores óticos e NVG com e sem iluminação IR, lentes de luz, uniformes molhados na chuva ou suados.