Conhecendo os Obstáculos
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Apresentamos os Obstáculos, homens e mulheres que chamamos de Sinais Fechados, Oportunistas e Tratores. É o grupo que com frequência exerce o máximo poder sobre seu voo solitário. Eles podem lhe dizer o que, quando e como fazer.
Podem ser colegas ou chefes. Podem ser debilitantes para novas iniciativas e equipes, e especialmente para os esforços que você faz para ter sucesso como solista. Os obstáculos podem interromper de repente seu projeto ou mandar você se dividir em tarefas que devoram semanas ou meses de seu tempo.
a) Sinal fechado – Estereótipo: o executivo da Kodak: “A câmara digital nunca vai pegar”.
Retrato Psicológico: “Dominado pelo medo. Motivado pelo detalhe. Por trás de seus medos esconde a própria incerteza”.
Provavelmente o sinal fechado já encurtou mais carreira e arruinou mais vidas que qualquer outro baixo astral da história. Pode apostar que ele jogará água fria em toda e qualquer ambição de sua parte.(…)
“Qualquer tolo pode criticar, condenar e reclamar – e a maioria o faz”.
(…) o osso mais duro de roer é quase sempre o sinal fechado. Como uma criança petulante de dois anos, a resposta favorita dele costuma ser não, o que lhe dá pouco apoio para argumentar com ele.
Sempre que precisa lidar com um crônico sinal fechado da empresa em que trabalha, uma executiva de desespera: ele é a pessoa que sempre diz que não podemos fazer certa coisa”.
Pelos anos afora ela tentou todo tipo de abordagem, desde “atrair mosca com mel”, a inverter por completo o jogo, e até a discordar dele frontalmente. Como a personalidade padrão ela é ser positiva, dinâmica e entusiástica, a executiva nunca tem certeza de como neutraliza a atitude dele. Mesmo quando o Sinal Fechado apoia um projeto, e suas responsabilidades são claras, ele pisa no freio, a não ser que receba ordens de um superior.
A tática mais bem sucedida empregada por ela é conseguir apoio do chefe dele – ou da equipe dele – contra a oposição feita.
Mas pode ser um caminho difícil, e ela aprendeu da forma mais complicada: se desde o começo você não botar esse tipo para correr, ele pode descarrilar o projeto inteiro.
(…) um gerente com quem conversamos disse que frequentemente se defronta com manifestações padronizadas de sinal fechado: “Bom, mas poderíamos fazer isso se tivéssemos mais tempo ou recursos”. A técnica que adota é ouvir criteriosamente as objeções de sua equipe, que ele vai demolindo, uma a uma.
Muitas vezes o sinal fechado é um gerente ou chefe, razão pela qual as empresas mais inteligentes do mundo costumam impedir a entrada deles nas reuniões iniciais do projeto. Convencido de estar contribuindo para a criatividade, o sinal fechado estrangula as ideias originais que frequentemente surgem no intercâmbio de forma livre dos brainstorms saudáveis.
O que você pode fazer? Habitualmente, trate de mudar as normas.
b) O oportunista – Estereótipo: num dia favorável, Danny Ocean – num dia negativo, Lester “worm” Murphy (Edward Norton, Cartas na mesa).
Retrato Psicológico “ Manipulador. Com frequência maquiavélico. Faz os outros trabalharem para ele. Gosta de ser querido. Perito em identificar alguém para fazer o que pede.
Veste-se com elegância um tanto informal. Comparecimento intermitente ao local de trabalho. Justifica sua ausência com vagas alegações de visitas ao cliente, a feiras de amostras ou de trabalho fora de sede.
Cheio de malandragem, ele lhe conta uma história para envolver você nos planos dele. Tem um projeto que precisa que você execute; coisa fácil, ele garante, só é preciso ir a algumas reuniões com o cliente. Como você sabe que está lidando com um Oportunista? Ele quer que você assuma o compromisso. Que antecipe o prazo de entrega. Que dobre o conjunto de características. Que ofereça uma extensão dos serviços.
E não fornece detalhes. Por que? Porque tem muitas características em comum com seu primo criminoso, o estelionatário – mas a moeda que usa é o tempo e a produtividade dos outros.
Quem é indulgente nunca suspeita que o Oportunista tenha alma de ladrão, mas de fato a diferença é apenas de grau. A exemplo de sua versão criminosa, o Oportunista subtrai. Só que em seu caso ele subtrai mais que dinheiro – as vezes consegue tomar todo o tempo da vítima, sobrecarregando-a com um terrível projeto por semanas ou meses.
Assim como um vigarista raramente deixa cartão de visita, o Oportunista evita fornecer detalhes. O projeto, de tão seguro que é, só precisa que ele o descreva pessoalmente ou lhe envie um rápido e-mail. Mestre de pressão de grupo, o Oportunista alegará que são coisas para a equipe ou a empresa.
O oportunista tenta tirar vantagem da habilidade alheia. “ Muitas vezes, essas pessoas ficam dependendo de mim para as tarefas que precisam entregar”, diz Vernon Hurd.
(…) A melhor defesa que você pode apresentar à exigência de um Oportunista de que faça determinada tarefa é deixar passar um dia e depois enfrentar com clareza o embusteiro. Esse tipo prefere manter as coisas tão nebulosas quanto uma manhã de inverno.
Peça a ele que detalhe por escrito o projeto, uma estimativa das tarefas e o tempo necessário. O melhor oportunista procura acertar tudo pelo telefone ou pessoalmente. Não aceite isso. Você precisa ver o preto no branco.
E nesse ponto ele provavelmente sairá pelo setor afora tratando de empurrar a falcatrua numa vítima mais ingênua. Se houver resposta por escrito, empurre-a de volta, nem que seja para evitar que o oportunista marque você, ou ele voltará, tenha certeza, com projetos ainda mais infernais.
c) Trator – Estereótipo: Tony Soprano (James Gandolfini, os Sopranos): “uma decisão equivocada é melhor do que a indecisão”.
Retrato Psicológico: “Mecanismo de defesa. Ele também foi vitimado por um trator. Dominador. Chegado a dar murros na mesa. Cria uma dependência ressentida.
Por que tantas empresas tem Tratores obstinados e bem-sucedidos? Porque a maioria não enfrenta esses idiotas. É difícil. Pode ser doloroso e até arriscado. Nós todos nos lembramos do valentão do playground, em nossa infância.
Quando essas pessoas chegam ao ambiente do escritório, encontram ainda mais gente para pisotear. Onde outrora eles podiam dominar um punhado de gente, agora podem entrar de sola em dezenas ou centenas.
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