Medidas de Contrainteligência
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Contrainteligência – deve ser o instrumento de defesa capaz de detectar e neutralizar as ameaças postadas pela espionagem, pelo terrorismo, ou pelo crime organizado transnacional.
Como vimos, tanto a área governamental como o meio-ambiente corporativo estão cercados de ameaças, que vão desde a sabotagem, espionagem, o terrorismo até a Guerra da Informação, que constitui num elemento novo bastante amplo rol de preocupações dos Oficiais de Contrainteligência, executivos e administradores.
No caso de muitas organizações, o problema é que seus dirigentes geralmente sabem tudo sobre processo produtivo, mercado, clientes, etc.., e não entendem nada de segurança, que para muitos significa apenas colocar um guarda – geralmente mal treinado e mal pago – na entrada das instalações e, quando muito, implantar barreiras nas proximidades e implantar dispositivos de controle eletrônico, como por exemplo as câmaras de vigilância. Pior, ainda, é que muitos não acreditam em espionagem: julgam que ela é usada apenas em tempo de guerra, ou apenas serve de enredo de ficção para autores como John Le Carré, nos tempos de Guerra Fria. É exatamente pela falta de percepção das ameaças, baseadas na premissa de que a competição econômica se processa num ambiente de elevada ética, que a espionagem econômica e industrial se torna mais proveitosa e com menos riscos para seus realizadores.
(…) Nos termos em que atuava na Contraespionagem brasileira, tive oportunidades de constatar a facilidade com que agentes dos serviços de Inteligência de outros países… conseguiam acesso a praticamente todas as informações que desejavam, o que motivou a declaração de um deles de que o “Brasil era o melhor país do mundo para se espionar”.
Em diversas oportunidades, constatamos agentes infiltrados em delegações científicas que tentavam obter dados sobre a exploração de petróleo em águas profundas, tecnologia avançada na qual a Petrobrás era pioneira, ou tentavam obter informações sobre o desenvolvimento da fibra ótica, tecnologia de ponta àquela época…
(…) A segurança da era da informação deve estar baseada mais na Inteligência e no conhecimento das técnicas operativas e da alta tecnologia empregada pelos agentes cibernéticos do que na força de um guarda de segurança ou da arma que ele carrega.
(…) A Inteligência é fundamental para qualquer país ou mesmo empresa, para buscar oportunidades para o país ou para a empresa, em um ambiente internacional imprevisível e desafiador. da mesma forma a sua contraparte – a Contrainteligência – deve ser o instrumento de defesa capaz de detectar e neutralizar as ameaças postadas pela espionagem, pelo terrorismo, ou pelo crime organizado transnacional.
Fonte: Jorge Bessa – Agente de Inteligência da ABIN